As palavras fogem-me,
As frases ficam a meio.
Os textos ficaram sem nexo
A tinta da caneta falhou.
As lágrimas percorrem-me a face,
O pensamento perdeu-se.
Meu corpo ficou tenso,
A minha alma gelou.
Se me param,me prendem.
Se me agarram,me prendem.
Se me escondem,me prendem.
Porque isto simplesmente não faz sentido: Viver, se não me deixam viver?
E se por uns momentos tudo o que vivemos parecesse tão pouco e desejassemos que a vida não fosse assim?
E se de um dia para o outro tudo nos fugisse das mãos?
E se? Se,mais se... mais se...
Joana Costa
"Quando o meu corpo aprodecer e eu for morta
Continuará o jardim,o céu e o mar,
E como hoje igualmente hão-de bailar
As quatro estações à minha porta.
Outros em Abril passarão no pomar
Em que eu tantas vezes passei,
Haverá longos poentes sobre o mar,
Outros amarão as coisas que eu amei.
Será o mesmo brilho,a mesma festa,
Será o mesmo jardim à minha porta,
E os cabelos doirados da floresta,
Como se eu não estivesse morta."
Sophia de Mello Breyner Andresen ("Quando"- Dia do Mar 1947)
Continuará o jardim,o céu e o mar,
E como hoje igualmente hão-de bailar
As quatro estações à minha porta.
Outros em Abril passarão no pomar
Em que eu tantas vezes passei,
Haverá longos poentes sobre o mar,
Outros amarão as coisas que eu amei.
Será o mesmo brilho,a mesma festa,
Será o mesmo jardim à minha porta,
E os cabelos doirados da floresta,
Como se eu não estivesse morta."
Sophia de Mello Breyner Andresen ("Quando"- Dia do Mar 1947)
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